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sábado, 8 de dezembro de 2012

Material de apoio ao estudo do conto "A pesca da baleia" de Raul Brandão

Para introduzir o conto, sugiro a visualização do excerto que surge abaixo e a audição da canção "As baleias" de Roberto Carlos.
Este excerto da série "Planeta humano", que passou, salvo erro, na RTP1, é muito bom para introduzir o conto "A pesca da baleia", de Raul Brandão, proposto pelas novas metas de Português para o 7º ano do ensino básico (só encontrei em espanhol- basta procurar no youtube "planeta humano la vida en los mares"). Neste documentário vê-se a força e determinação do Homem na luta pela sobrevivência, contra o gigante dos mares.
Com a canção, poderão debater com os alunos as consequências nefastas da pesca excessiva/industrial da baleia, por oposição à primitiva, que não põe em causa a população mundial destes animais.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Teste de 8º ano- A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho- corrigido


I

Compreensão do oral

 

1.    Ouve atentamente o conto “Sirva-se, minha túnica”. De seguida escolhe a alínea que completa corretamente cada uma das afirmações (10 pontos):

1. Afanti é um herói famoso
a. entre o povo uigur. ___
b. na região de Xinjiang. ___
c. em toda a China. ___
d. em toda a Ásia. ___
 
2. Afanti apresenta-se
a. com a barba comprida e um barrete, montado num burro magro. ___
b. com a barba branca da idade e montado num burro velho. ___
c. com a barba suja e um barrete, montado num burro magro. ___
d. com a barba comprida e um barrete, montado num burro velho. ___
 
3. O objetivo de Afanti é
a. viajar e conhecer pessoas. ___
b. ridicularizar e criticar os grandes senhores. ___
c. conquistar o apoio dos grandes senhores. ___
d. rir-se e aproveitar-se dos grandes senhores. ___
 
4. Um dia, Afanti foi a uma festa vestindo
a. uma túnica rota. ___
b. uma túnica emprestada e velha. ___
c. uma túnica em mau estado. ___
d. uma túnica velha e suja. ___
5. O dono da casa
a. pediu-lhe que saísse. ___
b. disse-lhe que mudasse de túnica. ___
c. emprestou-lhe uma túnica. ___
d. expulsou-o rudemente. ___
 
6. Afanti
a. foi a casa trocar de túnica. ___
b. pediu uma túnica emprestada a um vizinho. ___
c. foi comprar uma túnica. ___
d. aceitou a túnica oferecida pelo dono da casa. ___
 
7. O anfitrião, quando viu Afanti com a túnica nova,
a. convidou-o a sentar-se. ___
b. pensou tratar-se de outra pessoa. ___
c. elogiou o seu aspeto. ___
d. apresentou-o aos convidados. ___
 
8. Quando o anfitrião disse a Afanti que comesse o que quisesse, este
a. respondeu que não tinha fome. ___
b. fez-se rogado, para mostrar que ainda estava ofendido. ___
c. serviu-se da travessa que estava mais perto de si._
d. disse à sua própria túnica que se servisse. ___
 

 

9. Afanti quis criticar o grande senhor por
a. desperdiçar comida que fazia falta aos pobres. _
b. discriminar as pessoas pela sua aparência. ___
c. não o ter convidado a sentar-se à sua mesa. ___
d. não gostar da sua túnica. ___
10. Qual deste provérbios sintetiza a moral do conto?
a. Toda a gente é pessoa. ___
b. Cada um é senhor em sua casa. ___
c. Roupa esfarrapada não cobre nada. ___
d. Quem muito fala pouco acerta. ___

 

II- Leitura

 

Lê com atenção o texto que se segue e responde às questões com frases completas:

 

1
 
 
 
5
 
 
 
 
10
 
 
 
 
15
 
 
 
 
20
 
 
 
 
25
 
 
 
 
30
 
 
 
 
35
 
 
 
 
40
 
 
 
 
45
 
 
 
 
50
 
     O capitão Aurélio trazia instruções para proceder a um reconhecimento, avaliar a situação e agir em conformidade, mas sempre com moderação. De maneira que dispôs a sua gente em atiradores, depois de afastar os civis com berros enérgicos, e mediu o que tinha pela frente: eram milhares de mouros, a maior parte dos quais a cavalo, que se apertavam na Gago Coutinho, por entre os automóveis e o tráfego da hora de ponta.
      - Estas coisas só me acontecem a mim! - lamentava-se o capitão para consigo, esquecido dos muitos milhares de lisboetas que se encontravam no momento confrontados com o fenómeno. - Bom, vamos lá a ver... - E comandou alto, para o lado: - Venha você daí comigo, ó nosso alferes, e traga uma secção prà segurança!
      Cautelosamente, os sete homens, de dedo no gatilho, aproximaram-se da mourama.
      Nessa ocasião, lbn-el-Muftar e o seu estado-maior desciam a Avenida para observar o estado geral do exército, e vinham encarar com a embaixada do capitão Soares que, à cautela, acenava com um trapo branco, emprestado pelos locatários de um rés-do-chão da vizinhança. Ao árabe, por instinto, afigurou-se-lhe serem aqueles homens militares e, embora não percebesse bem o significado do pendão branco que o capitão brandia, não lhe pareceu que as intenções fossem suspeitas. As circunstâncias, por outro lado, com toda aquela estranha balbúrdia em volta, aconselhavam a contemporização. Assim, dispôs-se desde logo a parlamentar.
       A trote, rompeu pela frente de um piquete da Companhia dos Telefones que olhava para tudo aquilo com um ar espantado, dirigiu-se ao capitão, e saudou, de mão no peito:
      - Salam aleikum.
      E o capitão Soares, que tinha feito uma comissão na Guiné, em contacto com gente muçulmana, respondeu automaticamente, curvando-se um pouco:
      - Aleikum salam.
      Neste momento, a deusa Clio acordou do seu sonho, num sobressalto, e logo atentou no erro cometido. Num credo, desfez a troca de fios e reconduziu cada personagem a seu tempo próprio.
      De maneira que, assim como haviam surgido, assim se sumiram os árabes da Avenida Gago Coutinho, deixando o capitão Soares e todos os outros a coçar a cabeça, abismados.
      lbn-el-Muftar, por seu lado, logo que viu despejarem-se os campos daquelas gentes, daqueles objectos e daqueles prédios, soltou um suspiro de alívio e resolveu arrepiar caminho, desistindo de atacar Lixbuna onde, aliás, e ao contrário do que pensava, já lbn-Arrik o esperava, com máquinas de guerra e fogos acesos nas muralhas. O árabe considerou todas aquelas aparições de mau agoiro, pouco propiciadoras de investidas felizes contra Lisboa, e desistiu da cidade.
      A musa Clio não teve poderes para fazer com que os eventos já verificados regressassem ao ponto zero. Disso nem o pai dos deuses seria capaz. Mas pôde obnubilar a memória dos homens com borrifos de água do rio Letes, de maneira que, poucos segundos após os acontecimentos narrados, nem a tropa moura de lbn-el-Muftar se lembrava do encantamento que lhe tinha surgido ao caminho, nem o comissário Nunes sabia o que estava a fazer escondido atrás do balcão da Munique, nem o capitão Soares sabia por que estava ali a flanar com a tropa no fundo da Avenida dos Estados Unidos, nem o guarda de segunda classe da PSP, Manuel Tobias, sabia porque se tinha dado aquele engarrafamento, nem o coronel Vaz Rolão, do Ralis, sabia como tinha ido parar à estrada e deixado que uma autometralhadora se enfeixasse num camião TIR.
      Ao lbn-Muftar não foi muito gravoso o acontecimento, pois aproveitou o caminho de regresso para talar os campos de Chantarim, nas margens do Tejo, com grande vantagem de troféus e espólios.
      Pior foi para o comissário Nunes, o capitão Soares e o coronel Rolão explicarem em processo marcial o que se encontravam a fazer naquelas zonas à frente de destacamentos armados. Falou-se muito em insurreição, nesses dias, e os jornais acompanharam apaixonadamente o correr dos processos.
      Quanto à deusa Clio, foi privada de ambrósia por quatrocentos anos o que, convenhamos, não é seguramente castigo dissuasor de novas distrações.
in Carvalho, Mário de, A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho , Lisboa, Caminho, 1992.

 

 

1.    “[…] eram milhares de mouros, a maior parte dos quais a cavalo, que se apertavam na Gago Coutinho, por entre os automóveis e o tráfego da hora de ponta.” (ll.3-5).

1.1.        Que objetivo levou os mouros a Lisboa (3 pontos)?

1.2.        Que significava o “trapo branco” (l. 13) com o qual o capitão Soares acenou aos mouros (3 pontos)?

 

2.    Ibn-el-Muftar cumprimentou o português com a expressão “Salam aleikum.” (l. 20).

2.1.        Que significa esta expressão (3 pontos)?

2.2.        Por que motivo sabia o capitão como responder ao cumprimento (5 pontos)?

 

3.    Ao acordar, Clio desfez a troca de fios e os árabes regressam ao séc. XII.

3.1.        Como reagiram árabes e portugueses (8 pontos)?

3.2.        De que forma pôde Clio minimizar os danos resultantes da sua distração (4 pontos)?

3.3.        Que consequências trouxe a sua sesta a árabes, portugueses e a si própria (9 pontos)?

 

4.    Relê a última frase do texto e explica, por palavras tuas, o que o narrador quererá dizer com “não é seguramente castigo dissuasor de novas distrações.” (l. 49-50) (5 pontos).

  

III- Gramática

 

1.    Identifica os processos de formação das palavras presentes no quadro (5 pontos) :

 
Palavras
Processos de formação das palavras
Derivação
Composição
Prefi-xação
Sufi-xação
Paras-síntese
Derivação
não afixal
Conversão
Morfológica
Morfos-
sintática
a) automóveis (l. 5)
 
 
 
 
 
 
 
b) automaticamente (l. 22)
 
 
 
 
 
 
 
c) lisboetas (l. 7)
 
 
 
 
 
 
 
d) estado-maior (l. 11)
 
 
 
 
 
 
 
e) encarar (l. 12)
 
 
 
 
 
 
 
f) rés-do-chão (l.13)
 
 
 
 
 
 
 
g) trote (l. 18)
 
 
 
 
 
 
 
h) sobressalto (l. 24)
 
 
 
 
 
 
 
i)  autometralhadora (l.41)
 
 
 
 
 
 
 
j) seguramente (l. 50)
 
 
 
 
 
 
 

 

1.1.        Refere o processo irregular de formação das palavras seguintes (2 pontos):

a)    foto;

b)    PSP.

 

2.    Refere a subclasse dos adjetivos apresentados (1,5 pontos):

a)    Os polícias portugueses recearam os temerários mouros.

b)    O primeiro polícia a avistar a mourama foi Manuel Reis Tobias.

 

2.1.        Indica o grau superlativo absoluto sintético dos adjetivos seguintes (1,5 pontos):

a)    Mau;

b)    Grande;

c)    Cristão;

 

3.    Classifica as orações sublinhadas (5 pontos):

a)    “Num credo, desfez a troca de fios e reconduziu cada personagem a seu tempo próprio. (l. 25)

b)    “poucos segundos após os acontecimentos narrados, nem a tropa moura de lbn-el-Muftar se lembrava do encantamento que lhe tinha surgido ao caminho, nem o comissário Nunes sabia o que estava a fazer escondido atrás do balcão da Munique, nem o capitão Soares sabia por que estava ali a flanar com a tropa” (ll. 35-38)

c)    “Ao lbn-Muftar não foi muito gravoso o acontecimento, pois aproveitou o caminho de regresso para talar os campos de Chantarim, nas margens do Tejo” (ll.42- 43)

 

4.    Liga as alíneas da coluna A aos números da coluna B (apenas um número para cada alínea) identificando os tempos/ modos verbais (5 pontos):

 

A
B
 
 
a)    “trazia” (l. 1)
b)    “percebesse” (l. 14)
c)    “seria” (l. 34)
d)    “dado” (l. 41)
e)    “explicarem” (l. 45)
1)    Pretérito perfeito do indicativo;
2)    Pretérito imperfeito do indicativo;
3)    Condicional;
4)    Gerúndio;
5)    Particípio passado;
6)    Infinitivo pessoal;
7)    Pretérito imperfeito do conjuntivo;
8)    Presente do conjuntivo.

 

 

IV- Produção escrita

 

Escreve uma página do diário de Ibn-el-Muftar, de 150 a 200 palavras, onde ele relata o que lhe aconteceu, naquele dia tão estranho, na cidade de Lixbuna (30 pontos).

 

 

Atenção: *Antes de redigires o texto, esquematiza, numa folha de rascunho, as ideias que pretendes desenvolver na introdução, no desenvolvimento e na conclusão (planificação);

                   *Tendo em conta a tarefa, redige o texto segundo a tua planificação (textualização);

                   *Segue-se a etapa de revisão, que te permitirá detetar eventuais erros e reformular o texto. Para tal, consulta o conjunto de tópicos que a seguir te apresento:

Tópicos de revisão da Expressão Escrita
Sim
Não
Respeitei o tema proposto?
 
 
Estruturei o texto em introdução, desenvolvimento e conclusão?
 
 
Respeitei as características do tipo de texto solicitado?
 
 
Selecionei vocabulário adequado e diversificado?
 
 
Utilizei um nível de linguagem apropriado?
 
 
Redigi frases corretas e articuladas entre si?
 
 
Respeitei a ortografia correta das palavras?
 
 
Respeitei a acentuação correta dos vocábulos?
 
 
Identifiquei corretamente os parágrafos?
 
 
A caligrafia é legível e sem rasuras?
 
 

 

BOM TRABALHO!              A DOCENTE:  Lucinda Cunha

 


Proposta de correção

 

I. Teste de compreensão oral retirado do caderno do professor do manual Diálogos 7, da Porto Editora, no caderno do professor, págs. 10-11 (com adaptações).

1-c; 2-a; 3-b; 4-c; 5-d; 6-b; 7-a; 8-d; 9-b; 10-a

 

Texto: Sirva-se minha túnica

            Afanti é um dos grandes heróis de etnia Uigur. As suas histórias são famosas na China, sobretudo entre o povo uigur na região de Xinjiang. Afanti usa barba comprida, um barrete e monta num burrito magro, com o qual vai correndo pelos quatro cantos do mundo, tendo na mira a ridicularização de todos os grandes senhores e a crítica dos seus excessos de poder.

 

            Certo dia, afanti compareceu a uma festa de um grande senhor com a túnica num péssimo estado. O anfitrião, mal o viu naqueles preparos, expulsou-o, enquanto inventivava:

            ─ Que atrevimento! Como ousa entrar em minha casa com a roupa nesse estado?

            Afanti não ficou nada impressionado com a rudeza do anfitrião e também não se deu por vencido. Correu a casa de um vizinho, pediu-lhe emprestada uma túnica nova, envergou-a, com todo o à-vontade, e depois regressou à festa.

            O anfitrião, ao vê-lo todo aperaltado, deu-lhe as boas-vindas, convidando-o a sentar-se numa mesa à sua escolha, enquanto dizia:

            ─ Por favor, esteja como em sua casa, sirva-se!

            Afanti não se fez rogado; mal ouviu o convite aproximou a manga da túnica da travessa e disse:

            ─ Sirva-se, minha túnica!

            Espantado, o senhor indagou:

            ─Afanti, o que está a fazer?

            O convidado então respondeu com toda a calma:

            ─Já que apenas respeita a minha túnica, é lógico que a deixe comer, não lhe parece?

Contos da Terra do Dragão, rec., adapt. e trad. de Wang Suoying e Ana Cristina Alves, Ed. Caminho, 2000

 

 

II

1.1. Os mouros tentavam reconquistar Lisboa, de onde tinham sido expulsos em 1147 por D. Afonso Henriques.

1.2. Esse trapo significava “tréguas”, isto é, o capitão Soares desejava ter uma conversa com o chefe árabe.

2.1. Essa expressão significa “que a paz esteja contigo”.

2.2. O capitão sabia como responder visto que estivera na Guiné, onde contactou com gente muçulmana.

3.1. Os árabes ficaram aliviados e pensaram que o que acontecera era um mau presságio, pelo que decidiram regressar a casa. Já os portugueses ficam muito espantados, “a coçar a cabeça”, sem perceber o que se passara na avenida Gago Coutinho.

3.2. Para reduzir os danos causados, a deusa borrifou os humanos envolvidos naquela “inaudita guerra” com água do rio Letes, para que esquecessem tudo o que tinha acontecido.

3.3. Quanto aos árabes, a viagem não foi em vão, visto que no regresso aproveitaram para roubar tudo o que puderam nos campos de Santarém. Os portugueses tornaram-se suspeitos de tentativa de rebelião e tiveram que explicar em tribunal marcial o motivo que os levou a invadir com tanques e os seus soldados a avenida. Já a deusa Clio, pela sua distração, foi proibida de comer ambrósia durante 400 anos.

4. O narrador pretende dizer que o castigo, para uma deusa, foi muito brando, pelo que não será impedimento para que aconteça tudo de novo.

III

1.

a) composição morfológica

b) sufixação

c) sufixação

d) composição morfossintática

e) parassíntese

f) composição morfossintática

g) derivação não afixal

h) derivação não afixal

i) composição morfológica

j) sufixação

2. a) portugueses- adjetivo relacional; temerários- adjetivo qualificativo

b) primeiro- adjetivo numeral

2.1. a) péssimo; b) máximo; c) cristianíssimo

3. a) oração coordenada copulativa; b) orações coordenadas copulativas; c) oração coordenada explicativa

4. a-2; b-7; c-3; d-5; e-6

IV- Resposta aberta