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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Teste de Português, 11º ano

I
A
Lê o poema com atenção e responde às questões de modo claro e com respostas completas:


DE VERÃO
I
No campo; eu acho nele a musa que me anima:
A claridade, a robustez, a acção.
Esta manhã, saí com minha prima,
Em quem eu noto a mais sincera estima
E a mais completa e séria educação.

II
Criança encantadora! Eu mal esboço o quadro
Da lírica excursão, de intimidade.
Não pinto a velha ermida com seu adro;
Sei só desenho de compasso e esquadro,
Respiro indústria, paz, salubridade.

III
Andam cantando aos bois; vamos cortando as leiras;
E tu dizias: «Fumas? E as fagulhas?
Apaga o teu cachimbo junto às eiras;
Colhe-me uns brincos rubros nas ginjeiras!
Quanto me alegra a calma das debulhas!

IV
E perguntavas sobre os últimos inventos
Agrícolas. Que aldeias tão lavadas!
Bons ares! Boa luz! Bons alimentos!
Olha: Os saloios vivos, corpulentos,
Como nos fazem grandes barretadas!

V
Voltemos! No ribeiro abundam as ramagens
Dos olivais escuros. Onde irás?
Regressam os rebanhos das pastagens;
Ondeiam milhos, nuvens e miragens,
E, silencioso, eu fico para trás.

VI
Numa colina brilha um lugar caiado.
Belo! E, arrimada ao cabo da sombrinha,
Com teu chapéu de palha, desabado,
Tu continuas na azinhaga; ao lado,
Verdeja, vicejante, a nossa vinha.

VII
Nisto, parando, como alguém que se analisa,
Sem desprender do chão teus olhos castos,
Tu começaste, harmónica, indecisa,
A arregaçar a chita, alegre e lisa,
Da tua cauda um poucochinho a rastos.

VIII
Espreitam-te, por cima, as frestas dos celeiros;
O sol abrasa as terras já ceifadas,
E alvejam-te, na sombra dos pinheiros,
Sobre os teus pés decentes, verdadeiros,
As saias curtas, frescas, engomadas.

IX
E, como quem saltasse, extravagantemente,
Um rego de água, sem se enxovalhar,
Tu, a austera, a gentil, a inteligente,
Depois de bem composta, deste à frente
Uma pernada cómica, vulgar!

X
Exótica! E cheguei-me ao pé de ti. Que vejo!
No atalho enxuto, e branco das espigas,
Caídas das carradas no salmejo.
Esguio e a negrejar em um cortejo,
Destaca-se um carreiro de formigas.

XI
Elas, em sociedade, espertas, diligentes.
Na natureza trémula de sede,
Arrastam bichos, uvas e sementes
E atulham, por instinto, previdentes,
Seus antros quase ocultos na parede.

XII
E eu desatei a rir como qualquer macaco!
«Tu não as esmagares contra o solo!»
E ria-me, eu ocioso, inútil, fraco,
Eu de jasmim na casa do casaco
E de óculo deitado a tiracolo!

XIII
«As ladras da colheita! Eu, se trouxesse agora
Um sublimado corrosivo, uns pós
De solimão, eu, sem maior demora,
Envenená-las-ia! Tu, por ora,
Preferes o romântico ao feroz.

XIV
Que compaixão! Julgava até que matarias
Esses insectos importunos! Basta.
Merecem-te espantosas simpatias?
Eu felicito suas senhorias,
Que honraste com um pulo de ginasta!»

XV
E enfim calei-me. Os teus cabelos muito loiros
Luziam, com doçura, honestamente;
De longe o trigo em monte, e os calcadoiros,
Lembravam-me fusões de imensos oiros,
E o mar um prado verde e florescente.

XVI
Vibravam, na campina, as chocas da manada;
Vinham uns carros a gemer no outeiro,
E finalmente, enérgica, zangada,
Tu, inda assim bastante envergonhada,
Volveste-me, apontando o formigueiro:

XVII
«Não me incomode, não, com ditos detestáveis!
Não seja simplesmente um zombador!
Estas mineiras negras, incansáveis,
São mais economistas, mais notáveis,
E mais trabalhadoras que o senhor!»

Cesário Verde1. O poema “narra” um passeio pelo campo.
1.1. Faz a sua análise formal.
1.2. Caracteriza as duas personagens envolvidas.
1.3. Que influência exerce o campo sobre o sujeito poético?

2. A deambulação é feita pelo eu poético e pela prima. Mostra como é captada a realidade, através de diferentes sensações.

3. Interpreta a última estrofe, analisando a intenção crítica subjacente.

B

Elabora um texto argumentativo onde comentes a afirmação “Cesário Verde é um pintor por palavras.” (entre sessenta e cem palavras).

II

Atenta novamente no poema transcrito e responde, assinalando na folha de respostas a alínea correcta:

1. Em “eu acho nele a musa que me anima” (v. 1) temos
a. Uma oração subordinada relativa restritiva.
b. Uma oração subordinada relativa explicativa.
c. Uma oração subordinada relativa completiva.
d. Uma oração subordinada adverbial causal.

2. Na terceira estrofe do poema encontramos verbos
a. No presente do indicativo, no imperfeito do indicativo, no infinitivo e no gerúndio.
b. No gerúndio, no imperativo, no imperfeito do indicativo e no presente do indicativo.
c. No imperativo, no imperfeito do conjuntivo, no presente do indicativo e no imperfeito do indicativo.
d. No presente do indicativo, no gerúndio, no futuro do conjuntivo e no imperativo.

3. Em qual destas estrofes a rima é predominantemente rica?
a. I
b. III
c. VIII
d. XIII

4. Em qual destas estrofes não encontramos rima em “eco”?
a. II
b. III
c. IX
d. XV

5. De entre os versos apresentados, qual deles é heróico?
a. “A claridade, a robustez, a acção.”(v. 2)
b. “”De longe o trigo em monte, e os calcadoiros” (v. 73)
c. “O sol abrasa as terras já ceifadas” (v. 37)
d. “E mais trabalhadoras que o senhor!” (v. 85)


6. Na estrofe XI encontramos as seguintes figuras estilísticas:
a. Enumeração, adjectivação e personificação.
b. Adjectivação, personificação e hipérbole.
c. Enumeração, adjectivação e metonímia.
d. Metonímia, personificação e adjectivação.

7. Em “Julgava até que matarias /Esses insectos importunos!” (vv.66, 67) temos
a. Uma oração subordinada relativa restritiva.
b. Uma oração subordinada relativa explicativa.
c. Uma oração subordinada relativa completiva.
d. Uma oração subordinada adverbial causal.

8. Numa destas estrofes está presente a ironia. Em qual?
a. VIII
b. X
c. XIII
d. XIV

9. Num destes enunciados encontramos uma hipálage. Identifica-o.
a. “Os teus cabelos muito loiros/ Luziam, com doçura, honestamente;” (vv. 71,72)
b. “De longe o trigo em monte” (v. 73)
c. “Lembravam-me fusões de imensos oiros” (v. 74)
d. “E o mar um prado verde e florescente” (v. 75)

10. Em qual destas estrofes detectamos um aposto (ou modificador apositivo)?
a. Estrofe XV
b. Estrofe XIV
c. Estrofe II
d. Estrofe VII


III

Elabora um texto de opinião subordinado ao tema “Quem bom viver no campo!” (num texto entre 160 e 200 palavras).

COTAÇÕES:
GRUPO I………………………………….…………100 pontos
A.
1.1………………………………......…10 pontos(C=6+OCL=4)
1.2………………………………………20 pontos(C=12+OCL=8)
1.3……………………………………….5 pontos(C=3+OCL=2)
2………………………………………..15 pontos(C=9+OCL=6)
3……………………………………….10 pontos(C=6+OCL=4)
1. B. ………………………………….30 (C=18+OCL=12)

GRUPO II ………………………………..…..……….50 pontos
1-10……………………………………………...……….5 pontos

Grupo III ……………………………50 pontos(C=30+OCL=20)
TOTAL ……………………………………………..…200 pontos


Conteúdo = C Organização e Correcção Linguística = OCL
Bom trabalho!!! A Professora: Lucinda Cunha


Nota: Este teste foi publicado por mim no meu antigo blogue: oficinadeescrita8

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Boa tarde,
    Sou mãe de 3 meninas, e venho muitas vezes ao V/ site do qual aproveito todo o material de apoio que necessito e tem sido uma ajuda incrivel.
    Muito Obrigada, está um site muito completo.

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    1. Obrigada, Lola, e continuação de bom trabalho de apoio às suas meninas! Tudo de bom para vocês!

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