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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ficha formativa-a declaração- 10º- com correção

FICHA FORMATIVA DE PORTUGUÊS- 10ºA

Texto 1
A minha experiência com passaportes é longuíssima. Como o meu pai se estabeleceu em Paris quando eu tinha dez anos, desde essa altura que me habituei a tratar da documentação necessária para sair do país. Embora vivesse com a minha mãe e com dois irmãos (um deles quatro anos mais velho), era sempre eu quem tratava da papelada.
          Naquela época a burocracia não era para brincadeiras. Qualquer pedido de documento exigia uma quantidade de papéis. Para certos efeitos era necessário um certificado de residência com os carimbos de comerciantes da zona onde morávamos! E, como eu era menor, para sair do país precisava naturalmente de autorização de pai.
          E aqui residia a maior dificuldade. Estando o meu pai no estrangeiro, ele tinha de mandar de lá, por carta, a dita autorização. Só que não podia ser um papel qualquer. Essas autorizações eram obrigatoriamente em papel selado (um papel azul, com linhas, que tinha um selo branco no topo e se comprava nas tabacarias autorizadas). “Vende-se papel selado” — anunciavam essas tabacarias num papel colocado à porta. Assim, eu tinha de mandar para Paris o papel por preencher; o meu pai fazia a declaração e assinava, em seguida devolvia o documento. Tudo isto era feito por carta— e, na melhor das hipóteses, demorava dez dias. No fim do processo, eu ia ao notário reconhecer a assinatura.
          Essas idas ao notário eram um momento de grande suspense. Havia dois problemas. Em primeiro lugar, o meu pai, sendo muito distraído, enganava-se por vezes a copiar a minuta[1] — e o notário mandava o documento para trás. E lá voltava tudo ao princípio: carta para Paris com folha de papel selado, devolução, nova ida ao notário.
          O segundo problema era a assinatura. A assinatura do meu pai foi evoluindo com o tempo. O que significa que, a páginas tantas, a que constava do registo notarial já nada tinha que ver com a que ele rabiscava nessas folhas de papel selado. Umas vezes eu tinha a sorte de apanhar uma funcionária mais compreensiva que, depois de muitas explicações, aceitava reconhecer a assinatura. Mas outras vezes a negativa era terminante e lá vinha eu para trás, dizendo mal da vida, sabendo que tinha pela frente novas trocas de cartas, novas despesas, possibilidade de novos enganos. Um martírio!
          Acrescente-se que todas estas voltas envolviam tempos intermináveis de espera em salas ou corredores de aspeto decrépito, com as pessoas apinhadas umas contra as outras, transpirando e cheirando a suor.
José António Saraiva, in “Tabu”, suplemento do jornal Sol, Abril, 2008 (excerto)
Texto 2
AUTORIZAÇÃO DE SAÍDA DE TERRITÓRIO NACIONAL DE MENOR NACIONAL
(legalmente certificada)

DECLARAÇÃO

_________________________________ (nome completo), ________________ (estado civil), residente em __________________________________-, portador do bilhete de identidade/ CC nº _____________________ emitido em _________________________, pelo Arquivo de identificação de ___________________________-, válido até ___________________, ___________ (relação de parentesco com o menor, se a houver), titular do poder paternal, declaro que autorizo a saída do território nacional do menor _________________________________ (nome completo), de nacionalidade portuguesa, nascido a _____________________, em ______________________, titular do BI/ CC nº _____________________, emitido a ___________, em _________________________-, válido até ________________, na companhia de* ____________________________ (nome completo), titular do BI/CC nº___________________, emitido em __________________, pelo Arquivo de identificação de ___________________, válido até ___________________, residente em ______________________________, para _____________________ (país(es) de destino) pelo período de* _________________________ (dias/ meses).

(Data) ___________________________________
(assinatura) _______________________________________________________
*a preencher apenas em caso necessário

I
Depois de leres os textos, responde às questões com frases bem estruturadas:
1.    Explica a finalidade da declaração apresentada.
1.1.       Indica as formas verbais que enunciam e cumprem essa finalidade.
1.2.       Reescreve, devidamente preenchida, em nome do declarante (neste caso o teu pai), essa declaração.
II

1.    Estabelece a correspondência entre as colunas, de forma a obteres afirmações verdadeiras relativas ao texto 1.


1
A expressão “Como o meu pai se estabeleceu em Paris quando eu tinha dez anos”
sintetiza e caracteriza a situação enumerada na frase anterior.
A
2
O antecedente da expressão “Naquela época”
contribui para a coesão textual.
B
3
Na expressão “Embora vivesse com a minha mãe” a conjunção subordinativa
é “quando eu tinha dez anos”.
C
4
Nos dois primeiros parágrafos, a cadeia de referência constituída pelas anáforas “documentação”, “papelada”, “quantidade de papéis”
organiza a informação do texto.
D
5
A sequência das expressões “Havia dois problemas. Em primeiro lugar”, “O segundo problema”
estabelece uma relação de oposição com a frase anterior.
E
6
 A expressão “Mas outras vezes a negativa era terminante”
obriga ao uso do modo conjuntivo.
F
7
A expressão “Um martírio!”
estabelece uma relação de causa com a oração anterior.
G


III
Num texto bem estruturado reflete, num texto entre 100 e 120 palavras, sobre o excesso de burocracia com que nos deparamos no dia-a-dia (consulta o dicionário para veres o significado da palavra, se necessário).



BOM TRABALHO!                                        A professora: Lucinda Cunha
Correção
I

1.    A declaração permite que o pai autorize a saída do filho menor para o estrangeiro.
1.1.       As formas verbais que enunciam e cumprem essa finalidade são “declaro” e “autorizo”.
1.2.        Resposta aberta.
II

1.     
1-g
2-c
3-f
4-b
5-d
6-e
7-a

III
Resposta aberta.
(Ficha retirada do manual Plural 10)

[1] Ver texto 2.

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