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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Conto chinês

         Um homem rico de nome Ting possuía avultados bens, mas era avarento e pouco dado a inovações. Por isso não possuía um poço nas suas terras.
         Como a casa era grande e abundantes as tarefas domésticas, todos os dias um criado tinha de partir para muitas léguas de distância de molde a poder trazer, em quatro baldes suspensos numa vara rija que apoiava sobre os ombros, a água necessária para o serviço da casa.
         Em regra, a água chegava demasiado tarde para alguns desses serviços e, por outro lado, o homem evidenciava um estado de cansaço que acabaria por lhe roubar a vida. Foi então que Ting decidiu, apesar da contrariedade que a decisão lhe causou, mandar construir um poço nas suas terras.
         Quando, ao fim de algumas semanas, se deu conta das vantagens da medida que tomara, desabafou com uns amigos:
         — Foi a melhor decisão que eu podia ter tomado. Agora tenho água sempre que preciso e, mandando abrir o poço perto de casa, acabei por ganhar um homem.
         Prontamente, os amigos do rico Ting trataram de espalhar a notícia. Quando já era contada na terceira ou quarta versão, propagou-se a ideia de que, ao mandar abrir o poço, ele encontrara um homem vivo lá dentro.
         A versão foi-se enriquecendo de terra em terra, de boca em boca, multiplicando-se perguntas do género: “Mas quem é o homem encontrado no poço? Qual é a sua identidade? Como conseguiu sobreviver tanto tempo metida na terra?”
          Assim enriquecida com a imaginação de cada um que a contava com palavras suas, a história chegou aos ouvidos do imperador que mandou chamar Ting à sua presença para saber tudo sobre a misteriosa descoberta.
          Amedrontado na presença do imperador, Ting que, mesmo não se considerando culpado de um ato reprovável, sentia sobre os ombros o peso de uma estranha responsabilidade, explicou com a voz trémula:
          Senhor, o que realmente aconteceu foi o seguinte: mandei abrir um poço nas minhas terras e, ao fazê-lo, poupei o esforço de um criado que todos os dias palmilhava muitas léguas para ir buscar a água de que a minha casa precisa. Por isso comentei com os meus amigos que, assim, acabara por ganhar um homem. Foi só isso que eu disse.
          O imperador sorriu, mandou-o de volta às suas terras e comentou para um dos seus conselheiros:
          — Quantas vezes sou forçado a tomar decisões a partir de histórias que se transformaram à medida que foram passando de boca em boca. Não há nada como ouvir quem, de facto, as viveu.
José J. Letria



I
  1. Explica, por palavras tuas, a primeira frase do texto.
  2. Que tipo de caracterização de personagem está presente em “Um homem rico de nome Ting possuía avultados bens, mas era avarento e pouco dado a inovações.” (ll. 1-2) .
  3. Quais eram os inconvenientes do facto de Ting não ter um poço nas suas terras?
3.1.        Das opções abaixo, seleciona a alínea correta:
3.1.1.   A palavra “terras”, na linha 2, significa
a.    localidade, região, território;
b.    país, pátria;
c.    parte do solo que é possível cultivar.

3.1.2.   A palavra “terra”, na linha 18, significa
a.    localidade, região, território;
b.    poeira, pó;
c.    país, pátria.
  1. Que consequência negativa sucedeu devido à distância do poço que servia as terras de Ting?
  2. Apesar de contrariado, que decisão acaba por tomar Ting?
  3. O provérbio “Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto.” Pode ajustar-se a este conto. Porquê?
  4. Justifica o título dado deste conto.
II
  1. Faz a análise sintática da frase “Um homem rico de nome Ting possuía avultados bens” (l.1) e identifica o sujeito, o predicado e o complemento direto.
  2. Completa o quadro seguinte com a classificação dos verbos apresentados:
Verbos
Tempo
Modo
Pessoa
Número
possuía” (l. 1)




decidiu” (l. 9)




tenho” (l. 13)




acabara”(l.30)





3.    Diz a que classe de palavras pertencem os vocábulos sublinhados em Prontamente, os amigos do rico Ting trataram de espalhar a notícia. Quando já era contada na terceira ou quarta versão, propagou-se a ideia de que, ao mandar abrir o poço, ele encontrara um homem vivo lá dentro.” (ll. 15-17).

  1. Atenta no seguinte enunciado: “mandei abrir um poço nas minhas terras e (…) poupei o esforço de um criado” (ll. 27-28).
4.1.        Reescreve a frase, colocando os verbos no Futuro do Indicativo.
4.2.        Agora substitui os complementos diretos por pronomes.
BOM TRABALHO!!!                                   A Professora: Lucinda Cunha

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