I
Compreensão do oral
1.
Ouve
atentamente o conto “Sirva-se, minha túnica”. De seguida
escolhe a alínea que completa corretamente cada uma das afirmações (10 pontos):
1. Afanti é um herói famoso
a. entre o povo uigur. ___
b. na região de Xinjiang. ___
c. em toda a China. ___
d. em toda a Ásia. ___
2. Afanti apresenta-se
a. com a barba comprida e um barrete, montado num burro
magro. ___
b. com a barba branca da idade e montado num burro
velho. ___
c. com a barba suja e um barrete, montado num burro
magro. ___
d. com a barba comprida e um barrete, montado num burro
velho. ___
3. O objetivo de Afanti é
a. viajar e conhecer pessoas. ___
b. ridicularizar e criticar os grandes senhores. ___
c. conquistar o apoio dos grandes senhores. ___
d. rir-se e aproveitar-se dos grandes senhores. ___
4. Um dia, Afanti foi a uma festa
vestindo
a. uma túnica rota. ___
b. uma túnica emprestada e velha. ___
c. uma túnica em mau estado. ___
d. uma túnica velha e suja. ___
|
5. O dono da casa
a. pediu-lhe que saísse. ___
b. disse-lhe que mudasse de túnica. ___
c. emprestou-lhe uma túnica. ___
d. expulsou-o rudemente. ___
6. Afanti
a. foi a casa trocar de túnica. ___
b. pediu uma túnica emprestada a um vizinho. ___
c. foi comprar uma túnica. ___
d. aceitou a túnica oferecida pelo dono da casa. ___
7. O anfitrião, quando viu Afanti com
a túnica nova,
a. convidou-o a sentar-se. ___
b. pensou tratar-se de outra pessoa. ___
c. elogiou o seu aspeto. ___
d. apresentou-o aos convidados. ___
8. Quando o anfitrião disse a Afanti
que comesse o que quisesse, este
a. respondeu que não tinha fome. ___
b. fez-se rogado, para mostrar que ainda estava
ofendido. ___
c. serviu-se da travessa que estava mais perto de si._
d. disse à sua própria túnica que se servisse. ___
|
9. Afanti quis criticar o grande senhor
por
a. desperdiçar comida que fazia falta aos pobres. _
b. discriminar as pessoas pela sua aparência. ___
c. não o ter convidado a sentar-se à sua mesa. ___
d. não gostar da sua túnica. ___
|
10. Qual deste provérbios sintetiza a
moral do conto?
a. Toda a gente é pessoa. ___
b. Cada um é senhor em sua casa. ___
c. Roupa esfarrapada não cobre nada. ___
d. Quem muito fala pouco acerta. ___
|
II- Leitura
Lê
com atenção o texto que se segue e responde às questões com frases completas:
1
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
|
O capitão
Aurélio trazia instruções para proceder a um reconhecimento, avaliar a
situação e agir em conformidade, mas sempre com moderação. De maneira que
dispôs a sua gente em atiradores, depois de afastar os civis com berros
enérgicos, e mediu o que tinha pela frente: eram milhares de mouros, a maior
parte dos quais a cavalo, que se apertavam na Gago Coutinho, por entre os
automóveis e o tráfego da hora de ponta.
- Estas
coisas só me acontecem a mim! - lamentava-se o capitão para consigo,
esquecido dos muitos milhares de lisboetas que se encontravam no momento
confrontados com o fenómeno. - Bom, vamos lá a ver... - E comandou alto, para
o lado: - Venha você daí comigo, ó nosso alferes, e traga uma secção prà
segurança!
Cautelosamente, os sete homens, de dedo no gatilho, aproximaram-se da
mourama.
Nessa
ocasião, lbn-el-Muftar e o seu estado-maior desciam a Avenida para observar o
estado geral do exército, e vinham encarar com a embaixada do capitão Soares
que, à cautela, acenava com um trapo branco, emprestado pelos locatários de
um rés-do-chão da vizinhança. Ao árabe, por instinto, afigurou-se-lhe serem
aqueles homens militares e, embora não percebesse bem o significado do pendão
branco que o capitão brandia, não lhe pareceu que as intenções fossem
suspeitas. As circunstâncias, por outro lado, com toda aquela estranha
balbúrdia em volta, aconselhavam a contemporização. Assim, dispôs-se desde
logo a parlamentar.
A trote,
rompeu pela frente de um piquete da Companhia dos Telefones que olhava para
tudo aquilo com um ar espantado, dirigiu-se ao capitão, e saudou, de mão no
peito:
- Salam
aleikum.
E o capitão
Soares, que tinha feito uma comissão na Guiné, em contacto com gente muçulmana,
respondeu automaticamente, curvando-se um pouco:
- Aleikum
salam.
Neste
momento, a deusa Clio acordou do seu sonho, num sobressalto, e logo atentou
no erro cometido. Num credo, desfez a troca de fios e reconduziu cada
personagem a seu tempo próprio.
De maneira que, assim como haviam surgido, assim se sumiram os árabes da Avenida Gago Coutinho, deixando o capitão Soares e todos os outros a coçar a cabeça, abismados.
lbn-el-Muftar, por seu lado, logo que viu despejarem-se os campos daquelas
gentes, daqueles objectos e daqueles prédios, soltou um suspiro de alívio e
resolveu arrepiar caminho, desistindo de atacar Lixbuna onde, aliás, e ao
contrário do que pensava, já lbn-Arrik o esperava, com máquinas de guerra e
fogos acesos nas muralhas. O árabe considerou todas aquelas aparições de mau
agoiro, pouco propiciadoras de investidas felizes contra Lisboa, e desistiu
da cidade.
A musa Clio
não teve poderes para fazer com que os eventos já verificados regressassem ao
ponto zero. Disso nem o pai dos deuses seria capaz. Mas pôde obnubilar a
memória dos homens com borrifos de água do rio Letes, de maneira que, poucos
segundos após os acontecimentos narrados, nem a tropa moura de lbn-el-Muftar
se lembrava do encantamento que lhe tinha surgido ao caminho, nem o
comissário Nunes sabia o que estava a fazer escondido atrás do balcão da
Munique, nem o capitão Soares sabia por que estava ali a flanar com a tropa
no fundo da Avenida dos Estados Unidos, nem o guarda de segunda classe da
PSP, Manuel Tobias, sabia porque se tinha dado aquele engarrafamento, nem o
coronel Vaz Rolão, do Ralis, sabia como tinha ido parar à estrada e deixado
que uma autometralhadora se enfeixasse num camião TIR.
Ao
lbn-Muftar não foi muito gravoso o acontecimento, pois aproveitou o caminho
de regresso para talar os campos de Chantarim, nas margens do Tejo, com
grande vantagem de troféus e espólios.
Pior foi
para o comissário Nunes, o capitão Soares e o coronel Rolão explicarem em
processo marcial o que se encontravam a fazer naquelas zonas à frente de
destacamentos armados. Falou-se muito em insurreição, nesses dias, e os
jornais acompanharam apaixonadamente o correr dos processos.
Quanto à
deusa Clio, foi privada de ambrósia por quatrocentos anos o que, convenhamos,
não é seguramente castigo dissuasor de novas distrações.
in
Carvalho, Mário de, A inaudita guerra
da Avenida Gago Coutinho , Lisboa, Caminho, 1992.
|
1.
“[…]
eram milhares de mouros, a maior parte
dos quais a cavalo, que se apertavam na Gago Coutinho, por entre os automóveis
e o tráfego da hora de ponta.” (ll.3-5).
1.1.
Que
objetivo levou os mouros a Lisboa (3 pontos)?
1.2.
Que
significava o “trapo branco” (l. 13) com o qual o capitão Soares acenou aos
mouros (3 pontos)?
2.
Ibn-el-Muftar
cumprimentou o português com a expressão “Salam
aleikum.” (l. 20).
2.1.
Que
significa esta expressão (3 pontos)?
2.2.
Por
que motivo sabia o capitão como responder ao cumprimento (5 pontos)?
3.
Ao
acordar, Clio desfez a troca de fios e os árabes regressam ao séc. XII.
3.1.
Como
reagiram árabes e portugueses (8 pontos)?
3.2.
De
que forma pôde Clio minimizar os danos resultantes da sua distração (4 pontos)?
3.3.
Que
consequências trouxe a sua sesta a árabes, portugueses e a si própria (9
pontos)?
4.
Relê
a última frase do texto e explica, por palavras tuas, o que o narrador quererá
dizer com “não é seguramente castigo
dissuasor de novas distrações.” (l. 49-50) (5 pontos).
III- Gramática
1.
Identifica
os processos de formação das palavras presentes no quadro (5 pontos) :
Palavras
|
Processos de formação
das palavras
|
||||||
Derivação
|
Composição
|
||||||
Prefi-xação
|
Sufi-xação
|
Paras-síntese
|
Derivação
não
afixal
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Conversão
|
Morfológica
|
Morfos-
sintática
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a) automóveis (l. 5)
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b)
automaticamente (l.
22)
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c) lisboetas (l. 7)
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d) estado-maior (l. 11)
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e) encarar (l. 12)
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f) rés-do-chão (l.13)
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g) trote (l. 18)
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h) sobressalto (l. 24)
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i)
autometralhadora (l.41)
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j) seguramente (l. 50)
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1.1.
Refere
o processo irregular de formação das palavras seguintes (2 pontos):
a)
foto;
b)
PSP.
2.
Refere
a subclasse dos adjetivos apresentados (1,5 pontos):
a)
Os
polícias portugueses recearam os temerários mouros.
b)
O
primeiro polícia a avistar a mourama foi Manuel Reis Tobias.
2.1.
Indica
o grau superlativo absoluto sintético dos adjetivos seguintes (1,5 pontos):
a)
Mau;
b)
Grande;
c)
Cristão;
3.
Classifica
as orações sublinhadas (5 pontos):
a)
“Num credo, desfez a troca de fios e
reconduziu cada personagem a seu tempo próprio.”
(l. 25)
b)
“poucos segundos após os
acontecimentos narrados, nem a tropa moura de lbn-el-Muftar se lembrava do
encantamento que lhe tinha surgido ao caminho, nem o comissário Nunes
sabia o que estava a fazer escondido atrás do balcão da Munique, nem o
capitão Soares sabia por que estava ali a flanar com a tropa” (ll. 35-38)
c)
“Ao lbn-Muftar não foi muito gravoso o
acontecimento, pois aproveitou o caminho de regresso para talar os
campos de Chantarim, nas margens do Tejo” (ll.42- 43)
4.
Liga
as alíneas da coluna A aos números da coluna B (apenas um número para cada
alínea) identificando os tempos/ modos verbais (5 pontos):
A
|
B
|
a) “trazia” (l. 1)
b) “percebesse” (l. 14)
c) “seria” (l. 34)
d) “dado” (l. 41)
e) “explicarem” (l. 45)
|
1) Pretérito perfeito do indicativo;
2) Pretérito imperfeito do indicativo;
3) Condicional;
4) Gerúndio;
5) Particípio passado;
6) Infinitivo pessoal;
7) Pretérito imperfeito do conjuntivo;
8) Presente do conjuntivo.
|
IV- Produção escrita
Escreve uma página do diário de
Ibn-el-Muftar, de 150 a 200 palavras, onde ele relata o que lhe aconteceu,
naquele dia tão estranho, na cidade de Lixbuna
(30 pontos).
Atenção:
*Antes de redigires o texto, esquematiza, numa folha de rascunho, as ideias que
pretendes desenvolver na introdução, no desenvolvimento e na conclusão (planificação);
*Tendo em conta a tarefa,
redige o texto segundo a tua planificação (textualização);
*Segue-se a etapa de revisão, que te permitirá
detetar eventuais erros e reformular o texto. Para tal, consulta o conjunto de
tópicos que a seguir te apresento:
Tópicos
de revisão da Expressão Escrita
|
Sim
|
Não
|
Respeitei o tema proposto?
|
|
|
Estruturei o texto em introdução, desenvolvimento e
conclusão?
|
|
|
Respeitei as características do tipo de texto
solicitado?
|
|
|
Selecionei vocabulário adequado e diversificado?
|
|
|
Utilizei um nível de linguagem apropriado?
|
|
|
Redigi frases corretas e articuladas entre si?
|
|
|
Respeitei a ortografia correta das palavras?
|
|
|
Respeitei a acentuação correta dos vocábulos?
|
|
|
Identifiquei corretamente os parágrafos?
|
|
|
A caligrafia é legível e sem rasuras?
|
|
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BOM TRABALHO! A
DOCENTE: Lucinda Cunha
Proposta de correção
I. Teste de compreensão oral retirado do
caderno do professor do manual Diálogos 7,
da Porto Editora, no caderno do professor, págs. 10-11 (com adaptações).
1-c; 2-a;
3-b; 4-c; 5-d; 6-b; 7-a; 8-d; 9-b; 10-a
Texto: Sirva-se minha túnica
Afanti é um dos grandes heróis de
etnia Uigur. As suas histórias são famosas na China, sobretudo entre o povo
uigur na região de Xinjiang. Afanti usa barba comprida, um barrete e monta num
burrito magro, com o qual vai correndo pelos quatro cantos do mundo, tendo na
mira a ridicularização de todos os grandes senhores e a crítica dos seus
excessos de poder.
Certo
dia, afanti compareceu a uma festa de um grande senhor com a túnica num péssimo
estado. O anfitrião, mal o viu naqueles preparos, expulsou-o, enquanto
inventivava:
─ Que atrevimento! Como ousa entrar em minha casa com a
roupa nesse estado?
Afanti não ficou nada impressionado com a rudeza do
anfitrião e também não se deu por vencido. Correu a casa de um vizinho,
pediu-lhe emprestada uma túnica nova, envergou-a, com todo o à-vontade, e
depois regressou à festa.
O anfitrião, ao vê-lo todo aperaltado, deu-lhe as
boas-vindas, convidando-o a sentar-se numa mesa à sua escolha, enquanto dizia:
─ Por favor, esteja como em sua casa, sirva-se!
Afanti não se fez rogado; mal ouviu o convite aproximou a
manga da túnica da travessa e disse:
─ Sirva-se, minha túnica!
Espantado, o senhor indagou:
─Afanti, o que está a fazer?
O convidado então respondeu com toda a calma:
─Já que apenas respeita a minha túnica, é lógico que a deixe
comer, não lhe parece?
Contos da Terra do Dragão,
rec., adapt. e trad. de Wang Suoying e Ana Cristina Alves, Ed. Caminho, 2000
II
1.1.
Os mouros tentavam reconquistar Lisboa, de onde tinham sido expulsos em 1147
por D. Afonso Henriques.
1.2.
Esse trapo significava “tréguas”, isto é, o capitão Soares desejava ter uma
conversa com o chefe árabe.
2.1.
Essa expressão significa “que a paz esteja contigo”.
2.2.
O capitão sabia como responder visto que estivera na Guiné, onde contactou com
gente muçulmana.
3.1.
Os árabes ficaram aliviados e pensaram que o que acontecera era um mau
presságio, pelo que decidiram regressar a casa. Já os portugueses ficam muito
espantados, “a coçar a cabeça”, sem perceber o que se passara na avenida Gago
Coutinho.
3.2.
Para reduzir os danos causados, a deusa borrifou os humanos envolvidos naquela
“inaudita guerra” com água do rio Letes, para que esquecessem tudo o que tinha
acontecido.
3.3.
Quanto aos árabes, a viagem não foi em vão, visto que no regresso aproveitaram
para roubar tudo o que puderam nos campos de Santarém. Os portugueses
tornaram-se suspeitos de tentativa de rebelião e tiveram que explicar em
tribunal marcial o motivo que os levou a invadir com tanques e os seus soldados
a avenida. Já a deusa Clio, pela sua distração, foi proibida de comer ambrósia
durante 400 anos.
4.
O narrador pretende dizer que o castigo, para uma deusa, foi muito brando, pelo
que não será impedimento para que aconteça tudo de novo.
III
1.
a)
composição morfológica
b)
sufixação
c)
sufixação
d)
composição morfossintática
e)
parassíntese
f)
composição morfossintática
g)
derivação não afixal
h)
derivação não afixal
i)
composição morfológica
j)
sufixação
2.
a) portugueses- adjetivo relacional; temerários- adjetivo qualificativo
b)
primeiro- adjetivo numeral
2.1.
a) péssimo; b) máximo; c) cristianíssimo
3.
a) oração coordenada copulativa; b) orações coordenadas copulativas; c) oração
coordenada explicativa
4.
a-2; b-7; c-3; d-5; e-6
IV-
Resposta aberta
As suas fichas são sempre muito úteis e adequadas.
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