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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ficha sobre Modos de reprodução do discurso- 10º ano- corrigida

MODOS DE REPRODUÇÃO DO DISCURSO
Discurso direto: normalmente introduzido por um verbo e reproduz textualmente uma mensagem já produzida ( verbos declarativos ou interrogativos: dizer, exclamar, perguntar, responder…; verbos avaliativos/ volitivos : confessar, compreender, querer, saber…)
Discurso indireto: relata a mensagem fazendo-a depender de um verbo e utilizando a subordinação através de uma oração completiva ou de uma oração não finita infinitiva. Se o verbo introdutor estiver no pretérito perfeito do indicativo, sofrem alterações os tempos e modos verbais, os pronomes pessoais, os determinantes e pronomes possessivos e demonstrativos, o vocativo e alguns advérbios e expressões que dão indicações de tempo e de lugar.
Discurso indireto livre: mantém marcas do discurso indireto e do discurso direto, mas com omissão do verbo declarativo e da conjunção introdutória da oração completiva.
Discurso direto livre: as palavras das personagens são inseridas no discurso do narrador sem aspas, travessões ou verbos introdutores.
Citação: consiste na reprodução de um fragmento de texto ou de um texto no interior de um outro texto, assinalado por aspas ou tipo de letra diferente e geralmente com indicação da fonte.
Polifonia: manifesta-se nas diferentes “vozes” que se fazem ouvir num texto.
***

TRANSFORMAÇÕES
DISCURSO DIRETO
DISCURSO INDIRETO
Verbo introdutor no presente do indicativo
Tempos e modos verbais mantêm-se
Verbo introdutor no pretérito perfeito:
Presente do indicativo
Pretérito imperfeito do indicativo
Pretérito perfeito do indicativo
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo
Futuro do indicativo
Condicional
Imperativo
Conjuntivo/ imperativo
Pronomes pessoais na 1ª e 2ª pessoas
Pronomes pessoais na 3ª pessoa
Determinantes e pronomes possessivos: este, esse, isto, isso
Aquele, aquilo
Expressões que remetem para lugar ou tempo:
Ontem, hoje, amanhã, aqui, cá
Na véspera, naquele dia, no dia seguinte, ali, lá




Exercícios:
1.    Atenta no enunciado que se segue e transforma o texto, passando o discurso direto livre para o discurso direto e, de seguida, para o discurso indireto:
“Então caim disse, Com estas dimensões e a carga que irá levar dentro, a arca não poderá flutuar, quando o vale começar a ser inundado não haverá impulso de água capaz de a levantar do chão, o resultado será afogarem-se todos os que lá estiverem e a esperada salvação transformar-se-á em ratoeira, Os meus cálculos não me dizem isso, emendou o senhor, Os teus cálculos estão errados, um barco deve ser construído junto à água, não num vale rodeado de montanhas, a uma distância enorme do mar, quando está terminado empurra-se para a água e é o próprio mar, ou o rio, se for esse o caso, que se encarregam de o levantar, talvez não saibas que os barcos flutuam porqiue todo o corpo submergido num fluido experimenta um impulso vertical e para cima igual ao peso do volume do fluido desalojado, é o princípio de arquimedes, Permite, senhor, que eu expresse o meu pensamento, disse noé, Fala, disse deus, manifestamente contrariado, Caim tem razão, senhor, se ficarmos aqui à espera de que a água nos levante acabaremos por morrer todos afogados e não poderá haver outra humanidade.”
José Saramago, in Caim, Lisboa, Caminho, 2009, pp. 159-160

2.    Agora, lê os enunciados que se seguem, e identifica o modo de reprodução do discurso de cada um dele:
a)    Mas, Lourença, porque não disse que queria ficar mais tempo? disse D. Inês. A mãe pediu-lhe que não fizesse caso.”                                         Agustina Bessa-Luís, Dentes de Rato
b)    “Naufraguei depois na Foz do rio Mecom e vi como o poeta chorava a morte da sua amada chinesa, aquela de quem disse “alma minha gentil que te partiste.”      Manuel Alegre, Rafael
c)    “Então indignado berrei:
Silêncio, brutos!”    Eça de Queirós, A cidade e as serras
d)   “O poeta sorria, passando os dedos com complacência pelos longos bigodes românticos, que a idade embranquecera e o cigarro amarelara. Que diabo, algumas compensações havia de ter a velhice. E em todo o caso o estômago não era mau e conservava-se, caramba, filhos, um bocado de coração.”           Eça de Queirós, Os Maias
e)    “Mimosa não fazia outra coisa senão dar puxões ao véu e ao vestido e parecia desesperada. Queixava-se de uma porção de pessoas e dizia que o bolo de noiva era uma porcaria.”  Agustina Bessa-Luís, Dentes de Rato
f)     “Nevava. Um frio tal que o próprio bafo gelava mal saía da boca. Visto de dentro da capa de oleado, o mundo parecia uma coisa irreal, alva, inefável como um sonho. O céu estava ainda mais silencioso e mais alto que de costume. E qualquer parte do Robalo, sem ele querer, diluía-se na magia que enluarava tudo. No Minho, numa noite assim... Pena a Isabel ter-lhe saído contrabandista... Tê-la encontrado numa terra daquelas... Senão, mais tarde, quando tivesse a reforma... Até mesmo agora... Miguel Torga, Fronteira

g)    “Dormiram nessa noite os sóis e as luas abraçados, enquanto as estrelas giravam devagar no céu, Lua onde estás, Sol aonde vais.”                              José Saramago, Memorial do convento
h)   “— Pois já se acabou a história da Joaninha?
— Não, de todo ainda não.
— Falta muito?
— Também não é muito.”              Almeida Garrett, Viagens na minha terra

i)     “Não era raro um travesseiro ir pela borda fora, e Marta dizia:
— Que estás a fazer criatura? Apanha isso.” Agustina Bessa-Luís, Dentes de Rato
j)     “Como A Babosa me bajulou… Repetia-me a todo o instante que os gringos se sentiriam felizes comigo, considerando que também tenho nome de gringo.” Luís Sepúlveda, O velho que lia romances de amor
k)    “Agora era o momento de recordar as palavras do Evangelho de S. Mateus (24:7): “Haverá fome e terramotos em vários lugares. Mas tudo isto é apenas o começo das dores.” Para Romeu começara, então, o tempo das dores.”                 Gonçalo M. Tavares, Histórias falsas
l)     “O romance começava bem. (…) Leu a passagem várias vezes em voz alta. Que raio seriam as gôndolas? Deslizavam por canais.” Luis Sepúlveda, O velho que lia romances de amor
m)  “(…) por isso não é fácil imaginar uma conversa entre o farmacêutico e ele, se bem que não deva excluir-se a hipótese de um outro diálogo, o farmacêutico a dizer à mulher do subchefe, Esteve aqui um funcionário escolar que vinha à procura de uma pessoa que em tempos morou na casa onde os senhores estão a viver, (…)Se calhar é o mesmo homem que anteontem esteve parado no passeio a olhar para as nossas janelas, Um tipo de meia-idade, um bocado mais novo do que eu(…)”   José Saramago, Todos os nomes
n)   “A dona Isabel chamou as filhas para dentro de casa, o Paulinho saiu a correr e a avó Nhé veio nos ralhar de estramos ali no muro até tão tarde, “mas vocês gostam de dar de beber aos mosquitos, ou quê?”, e nós rimos porque a avó Nhé gostava de dizer essas frases…”                                                     Ondjaki, Os da minha rua
o)    “Depois do intervalo todos voltaram com respiração depressada e o suor do corpo a molhar as roupas, alegres também porque a camarada professora Berta disse que ainda ia demorar. Deu ordens à delegada para sentar todo o mundo e apontar numa lista o nome dos indisciplinados.”                               Ondjaki, Os da minha rua
p)   “Recordo-me de uma frase dita pelo meu pai numa noite em que festejava — com falsa alegria, quero crer — a morte de um desafecto:
“Era mau e ignorava-o. Nem sabia o que era a maldade. Ou seja: era absolutamente    José Eduardo Agualusa, O vendedor de passados

q)    “Estabeleceu-se um curto silêncio em que João Sem Medo estudou, com enervamento contido, a janela a cinco ou seis metros do chão. Ah! se pudesse escaqueirá-la! Quebrar-lhe os vidros!... Mas com quê? Nenhum objeto lhe parecia manejável à exceção daquele alfinete de meio metro que pesava todavia um quilo ou mais.”José Gomes Ferreira, Aventuras de João sem medo

r)    O que eles têm é inveja de nós, dizia-se nas lojas e nos lares, ouvia-se na rádio e na televisão, lia-se nos jornais, o que eles têm é inveja de que na nossa pátria não se morra, por isso nos querem invadir e ocupar o território para não morrerem também.” José Saramago, As intermitências da morte

BOM TRABALHO!!!                                                              A PROFESSORA: Lucinda Cunha

Correção:
1.    Discurso direto (regular)

“Então Caim disse:
Com estas dimensões e a carga que irá levar dentro, a arca não poderá flutuar. Quando o vale começar a ser inundado, não haverá impulso de água capaz de a levantar do chão, o resultado será afogarem-se todos os que lá estiverem e a esperada salvação transformar-se-á em ratoeira.
Os meus cálculos não me dizem isso. emendou o senhor.
Os teus cálculos estão errados. Um barco deve ser construído junto à água, não num vale rodeado de montanhas, a uma distância enorme do mar. Quando está terminado empurra-se para a água e é o próprio mar, ou o rio, se for esse o caso, que se encarregam de o levantar. Talvez não saibas que os barcos flutuam porque todo o corpo submergido num fluido experimenta um impulso vertical e para cima igual ao peso do volume do fluido desalojado: é o princípio de Arquimedes.
Permite, senhor, que eu expresse o meu pensamento? disse Noé.
Fala! disse Deus, manifestamente contrariado.
Caim tem razão, senhor, se ficarmos aqui à espera de que a água nos levante acabaremos por morrer todos afogados e não poderá haver outra humanidade.”

Discurso indireto:
“Então Caim disse a Deus que com aquelas dimensões e a carga que iria levar dentro, a arca não poderia flutuar, já que quando o vale começasse a ser inundado não haveria impulso de água capaz de a levantar do chão. Acrescentou que o resultado seria afogarem-se todos os que lá estivessem e que a esperada salvação transformar-se-ia em ratoeira. O Senhor replicou dizendo que os seus cálculos não lhe diziam isso, mas Caim contestou que os seus cálculos estavam errados, uma vez que um barco devia ser construído junto à água, não num vale rodeado de montanhas, a uma distância enorme do mar. Explicou que quando um barco está terminado empurra-se para a água e é o próprio mar, ou o rio, se for esse o caso, que se encarregam de o levantar. Caim colocou a hipótese de o Senhor não saber que os barcos flutuam porque todo o corpo submergido num fluido experimenta um impulso vertical e para cima igual ao peso do volume do fluido desalojado e explicou que esse era o princípio de Arquimedes. Noé interveio ao pedir permissão a Deus para falar e este, manifestamente contrariado, ordenou que falasse. Noé disse que Caim tinha razão, ou seja, que se ficassem ali à espera de que a água os levantasse, acabariam por morrer todos afogados e não poderia haver outra humanidade.”

a.    discurso indireto
b.    citação
c.    discurso direto
d.    discurso indireto livre
e.    discurso indireto
f.     discurso indireto livre
g.    discurso direto livre
h.    polifonia
i.     discurso direto
j.     discurso indireto
k.    citação
l.     discurso indireto livre
m.  polifonia
n.    discurso direto
o.    discurso indireto
p.    citação
q.    discurso indireto livre
r.     discurso direto livre

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